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2016-10-09 às 16h04

Portugal e China assinam oito acordos económicos e culturais

Primeiro-Ministro António Costa e Primeiro-Ministro Li Keqiang passam revista à guarde de honra, Pequim, 9 outubro 2016 (Foto: Estela Silva/Lusa)

O Primeiro-Ministro António Costa e o Primeiro-Ministro chinês Li Keqiang presidiram à assinatura de oito acordos económicos e culturais entre os dois países no final de uma reunião entre ambos no segundo dia da visita oficial à China, que tem como objetivo político direcionar os investimentos chineses da aquisição de ativos em empresas portuguesas já existentes para novos projetos, com criação de novos empregos.

Na conferência de imprensa conjunta, o Primeiro-Ministro português destacou o acordo empresarial celebrado entre o Banco Haitong, o Banco de Desenvolvimento da China e a Agência para a Internacionalização e Comércio Externo de Portugal.

Este acordo visa a implementação na zona industrial e logística do porto de Sines «de facilidades para a instalação de empresas chinesas, sendo por isso uma porta importante para atração de um novo tipo de investimento».

«Também o facto de passarmos a ter uma ligação aérea a partir de junho entre Lisboa e a China, e o acordo celebrado entre a Huawei e a PT abrem um espaço muito importante de desenvolvimento no domínio tecnológico», afirmou António Costa.

No setor energético, o Primeiro-Ministro destacou o acordo assinado entre a empresa elétrica chinesa Três Gargantas (China Three Gorges) e a EDP «para a cooperação em mercados terceiros. E há uma vontade muito forte para trabalho conjunto no projeto de interconexão de redes com Marrocos», acrescentou.

António Costa sublinhou as palavras antes proferidas pelo Primeiro-Ministro chinês, que «manifestou vontade de cooperação ao nível do mercado das energias renováveis e, também, ao nível da relação deste mercado com a área da indústria automóvel».

«Esta viagem à China visou consolidar o que foi feito nos últimos anos, mas também deixar as sementes para aquilo que temos de plantar e fazer crescer nos próximos anos. Creio que a forma muito expressiva como o senhor Primeiro-Ministro chinês se expressou aqui é indicativa da firme vontade política da República Popular da China em aprofundar os laços económicos com Portugal», disse ainda.

Entre os oito acordos de cooperação assinados, consta um sobre reciprocidade de instalação de centros culturais.

O Primeiro-Ministro disse igualmente que «é importante não só consolidar os investimentos feitos em Portugal, como também criar novas oportunidades de investimento», acrescentando que «houve passos dados importantes relativamente ao setor financeiro e tenho esperança que novos passos possam vir a ser dados».

Progresso estável nas relações

O Primeiro-Ministro Li Keqiang felicitou Portugal e o povo português pela eleição de António Guterres para o cargo de secretário-geral das Nações Unidas, referindo que «o Governo chinês facilitou a nomeação do engenheiro Guterres para o cargo de secretário-geral da ONU, um orgulho para todo o povo português».

Li Keqiang enalteceu o progresso estável nas relações entre os dois países, desde o reestabelecimento das relações diplomáticas, em 1979, com destaque para a forma como Lisboa lidou com questão de Macau, afirmando que Portugal e China «realizaram uma transição estável da soberania de Macau, via negociações amigáveis». Os dois países «têm mantido uma estreita colaboração em assuntos regionais e internacionais», reforçando a confiança política mútua.

O Primeiro-Ministro chinês apontou o setor das energias, «especialmente a energia renovável»,  e o dos componentes para automóveis como áreas preferenciais para a colaboração: «Portugal deve aproveitar a procura do mercado chinês na área de componentes para automóveis», uma vez que a China é o maior mercado de automóveis do mundo com vendas de 24,59 milhões em 2015..

Novas áreas de parceira económica

Em reuniões com responsáveis das empresas da República Popular da China, o Primeiro-Ministro afirmou que «há um novo patamar» na cooperação entre os dois países, «com a criação de novos ativos no País, ou a partir de Portugal para terceiros países».

«Há novas áreas que justificam uma parceria económica entre os dois países», uma vez que Portugal está interessado em corresponder aos grandes projetos do Governo chinês na interconexão internacional da energia e no sentido de criar uma rota marítima mundial chinesa.

António Costa destacou as potencialidades do acordo recentemente celebrado entre Portugal e Marrocos no domínio da energia e a localização do porto de Sines na faixa atlântica para as ligações com África e com o continente americano (sobretudo na sequência do alargamento do canal do Panamá).

«Os vossos investimentos representaram um sinal de confiança em Portugal e no potencial da economia portuguesa na Europa e ao nível trilateral» com os países lusófonos. disse ainda perante os responsáveis da Fosun, da Três Gargantas, da Rede Elétrica do Estado, da Haitong  e do Banco da China, que já fizeram investimentos ou compraram empresas em Portugal, e da Huawei, da HNA Turismo.

Vistos dourados

O Primeiro-Ministro referiu também a política do Governo português de alargar o programa de vistos dourados a novas áreas de investimento: «Temos uma política de atribuição de residência que favorece a atração de investimento».

«Temos um programa de vistos gold, que primeiro foi muito centrado em investimentos no setor do imobiliário, mas que agora está aberto para ser concedido a investimentos em outros setores da economia», para «permitir uma maior diversificação dos investimentos em Portugal».

«Para facilitar esta política, vamos abrir um novo consulado em Cantão, de forma a podermos servir melhor toda a população do sul da China», anunciou.

 «O turismo é uma área com grande potencial, com Portugal a crescer a uma média de 10%. Mas o crescimento de turistas chineses é ainda superior a essa média», disse referindo igualmente as potencialidades dos setores agroalimentar e das indústrias automóvel e aeronáutica.

António Costa destacou ainda a existência de «um cada vez maior número de chineses a aprender português», havendo 30 instituições universitárias na China que ensinam a língua portuguesa.

«Os países de língua oficial portuguesa não se resumem a Portugal, são nove países, desde o Brasil a Timor-Leste. Toda esta comunidade lusófona é uma área muito importante e em franco desenvolvimento», acrescentou, referindo o papel de Macau como plataforma de aproximação da China aos países lusófonos.

O Primeiro-Ministro deu ainda entrevistas a três canais de televisão: CCTV, news.baidu.com e mq.weixin.qq.com, nas quais explicou os objetivos da sua visita à China.

 

Foto: Primeiro-Ministro António Costa e Primeiro-Ministro Li Keqiang passam revista à guarde de honra, Pequim, 9 outubro 2016 (Foto: Estela Silva/Lusa)