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O Primeiro-Ministro António Costa preside ao lançamento da estratégia para a Indústria 4.0, em Leiria.
A estratégia para a Indústria 4.0 é um conjunto de 60 medidas de iniciativa pública e privada que deverão ter impacto sobre mais de 50 000 empresas a operar em Portugal e, numa fase inicial, permitirão requalificar e formar mais de 20 000 trabalhadores em competências digitais.
No âmbito das medidas Indústria 4.0, está previsto que serem injetados na economia até 4,5 mil milhões de euros de investimento nos próximos 4 anos.
Trabalho conjunto
Para preparar as empresas portuguesas para a Industria 4.0, o Governo trabalhou, desde abril de 2016, com mais de 200 entidades e empresas em grupos de trabalho para diferentes sectores, como a agroindústria (produção, transformação, transporte e armazenamento), o retalho (distribuição, comércio eletrónico, têxtil, calçado, etc.), turismo e automóvel (moldes, plásticos, maquinaria, robótica, eletrónica, etc.).
Estes grupos, compostos pelas maiores empresas dos seus sectores, por PME e também por startups que dominam e estão a desenvolver soluções baseadas nas tecnologias características da quarta revolução industrial, têm facilitado o diálogo entre empresas, funcionários, associações, ciência e política e permitido a todos os agentes económicos ter uma compreensão uniforme do potencial da Indústria 4.0.
A missão destes grupos consistiu em produzir recomendações ambiciosas, mas realizáveis, para todos os envolvidos, com uma agenda adaptada às necessidades e ao potencial da nossa indústria.
Participação das grandes empresas
Pela primeira vez empresas multinacionais como a Altice-PT, a Bosch, a Deloitte, a Google, a Huawei, a Microsoft, a Siemens ou a Volkswagen associaram-se ao Governo para delinear uma estratégia nacional para a indústria. Estas empresas integram o Comité Estratégico da iniciativa Indústria 4.0, juntamente com a Agência Nacional de Inovação, o Compete, a CIP, a Cotec, a GS1, o IAPMEI, o IPQ e o Turismo de Portugal, num total de mais de 15 entidades.
No desenho desta estratégia adotou-se um processo de trabalho inovador que, desde o início, convidou as empresas a refletir em grupos de trabalho sobre a experiência que cada uma tem no domínio da indústria 4.0, ouvindo os problemas que identificaram e as soluções que propõem.
Foram 10 meses de intensa interação com as empresas, clusters de competitividade, centros tecnológicos, universidades, multinacionais e associações empresariais, numa metodologia de trabalho coordenada pela Deloitte, que foi parceiro estratégico do projeto Indústria 4.0.
Aplicação da estratégia
Todas estas empresas e entidades continuarão envolvidas na implementação desta estratégia, pois diversas das medidas apresentadas são de iniciativa privada ou de cooperação entre as diversas entidades reunidas na plataforma Indústria 4.0.
Para assegurar uma eficaz implementação destas medidas, foi assinado um protocolo entre o Ministério da Economia e a Cotec Portugal que prevê que a Cotec fique responsável pela monitorização das medidas e também pela sua atualização, já que as necessidades de atuação em contextos digitais mudam rapidamente.
A grande maioria das medidas que compõem a estratégia para a Indústria 4.0 visam a capacitação dos recursos humanos com uma forte aposta na formação desde tenra idade e ao longo de toda a vida, sendo tratada como prioritária a reconversão dos trabalhadores e a criação de novos empregos.
10 medidas emblemáticas
As 10 das medidas mais emblemáticas desta estratégia, tanto de iniciativa pública como de iniciativa privada, são:
1. Financiamento
Mobilização de Fundos Europeus estruturais e de investimento até 2,26 mil milhões de euros de incentivos, através do Portugal 2020, para a consciencialização, adoção e massificação de tecnologias associadas ao conceito de Indústria 4.0, nos próximos 4 anos. Pretende-se investir em recursos relevantes para a transformação digital da economia através de financiamentos seguindo critérios específicos de elegibilidade.
Destaca-se um instrumento chamado Vale Indústria 4.0, destinado a apoiar a transformação digital através da adoção de tecnologias que permitem mudanças disruptivas nos modelos de negócio de PME (como a contratação de sites de comércio electrónico ou softwares de gestão fabril a prestadores certificados). Estes vales têm o valor unitário de 7500 euros, deverão apoiar mais de 1500 empresas e representam um investimento público de 12 milhões de euros.
Destaque-se ainda o lançamento de uma linha de crédito para o apoio às exportações das PME, através da PME Investimentos. Esta linha permite antecipar receitas da venda a taxas de juro bonificadas, mitigando assim o risco de empresas exportadoras de tecnologia inovadora de equipamentos que integram tecnologias 4.0
2. Programa de Competências Digitais
Promover o lançamento da iniciativa que permitirá capacitar, até 2020, mais 20 mil pessoas em tecnologias da informação e comunicações face aos atuais níveis de formação. Em colaboração com o setor privado, esta medida destina-se a fazer face à carência de técnicos especializados nesta área e permite apoiar a reconversão profissional, criando novas oportunidades de inserção profissional através da obtenção de novas competências.
3. Cursos Técnicos Indústria 4.0
Revisão da carteira de cursos profissionais técnicos em linha com a procura de novas competências por parte das empresas no âmbito da digitalização da economia. Neste contexto, serão criados momentos de interface entre as escolas e a indústria e será promovido o recurso a trabalhadores qualificados, bem como a utilização de equipamentos de empresas para suportar as atividades letivas.
4. Learning Factories
Promoção e apoio na criação de infraestruturas físicas com equipamento tecnológico que recriem ambientes empresariais Indústria 4.0, com vista à capacitação do capital humano, promovendo e dando continuidade a iniciativas em curso como a Fabtec, Laboratório de Processos e Tecnologias para Sistemas Avançados de Produção, que consiste numa learning factory para demonstração de soluções inovadoras ao tecido empresarial, e a Introsys Training Academy, que integra um chão de fábrica simulado (SGF), e a Academy 360 Room com painéis interativos que controlam equipamentos no chão de fábrica.
5. Missões Internacionais
Promoção de missões com comitivas nacionais, lideradas por representantes do Governo, com vista à partilha de produtos e serviços de âmbito Indústria 4.0 desenvolvidos em Portugal. Estas comitivas deverão estar presentes em eventos/feiras (ex.: Hannover Messe), cidades/regiões e polos industriais (ex.: missões a Lombardia e País Basco) que possam constituir oportunidades para as empresas portuguesas.
6. Adira Industry 4.0
Visa a criação do primeiro laboratório integrado de fabrico aditivo através do qual se pretende desenvolver todo um novo ecossistema associado a esta tecnologia de nova geração que irá permitir novas formas de projeto e fabrico. Este laboratório é dinamizado pela empresa Adira em parceria com o CEiiA a partir da máquina em desenvolvimento pela Adira, cujo protótipo foi desenvolvido em colaboração com a Fraunhofer, e está aberto às universidades e às empresas de todas as industrias.
No âmbito desta iniciativa destaca-se também o desenvolvimento em consórcio com o Inegi e Inesc Tec de soluções de hardware e software para a implementação de serviços de dados e comunicação entre máquinas, o que irá permitir às empresas configurar produtos/serviços inovadores.
Refira-se ainda o projeto Flaserpro que consiste na conceção de uma nova máquina para processamento de materiais recorrendo à tecnologia de laser de fibra ótica com plena integração de práticas de ecodesign. Este projeto conta com a parceria do Inegi e apoio do Compete.
7. Footure 2020
Medida da Associação Portuguesa da Indústria de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Sucedaneos, consiste num plano estratégico do cluster do calçado português que visa implementação do roteiro do cluster do calçado para a economia digital assente em múltiplas iniciativas. Pretende-se, até ao final de 2020, conseguir um salto qualitativo no processo de afirmação internacional do calçado português, estabelecendo-o como uma referência da indústria a nível mundial.
8. Bosch Digital
O Done Lab da Bosch, consiste num laboratório único em Portugal para a manufatura aditiva avançada de protótipos e ferramentas, inaugurado na Escola de Engenharia da Universidade do Minho, resultante de uma parceria entre a Universidade do Minho e a Bosch Car Multimedia, no âmbito do maior projeto universidade-empresa do País, num investimento global de 54,7 milhões de euros até 2018.
Destaca-se também um protocolo entre a Bosch e a Universidade de Aveiro para o desenvolvimento de soluções para casas inteligentes e a digitalização de equipamentos da Bosch, num investimento de 19 milhões de euros, estando prevista a criação de cerca de 150 postos de trabalho.
9. 4AC Industria 4.0 – Aceleradora, Incubadora, Prototipagem
Grandes multinacionais como a Mitsubishi (Daimler), a Siemens e a Volkswagen Autoeuropa integram a nova aceleradora, incubadora e espaço de produtização e prototipagem, para a Indústria 4.0. As startups portuguesas Bee Very Creative, Follow Inspiration, Mobi.Me e Prodsmart também já fazem parte do projecto, com o objectivo de acelerar o desenvolvimento de produto e também o desenvolvimento de negócio.
A 4AC-Industria 4.0 resulta de uma parceria entre o CEiiA e a Startup Portugal, que se destina a apoiar startups tecnológicas para fornecer a indústria, tanto de hardware como de software, na transformação de ideias em produtos, no desenvolvimento de produto e também na fase de scale-up. Atuará como ponto central entre a indústria, universidades, centros tecnológicos e empreendedores, mas também os investidores e outros stakeholders do ecossistema de empreendedorismo.
10. Consórcio PSA Mangualde
Esta iniciativa, com um investimento estimado de 12 milhões de euros, será desenvolvida pela PSA de Mangualde em consórcio com 3 universidades e 5 parceiros tecnológicos, assente nos seguintes eixos: sistemas robóticos inteligentes (robôs colaborativos), sistemas avançados de inspeção e rastreabilidade (visão artificial), sistemas autónomos de movimentação, fábrica digital e fábrica do futuro (baixa cadência e alta diversidade).
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