Notícias
«A parceria entre Portugal e Angola é de todas as horas, nas melhores e menos boas, e somos dois países que recentemente passámos por dificuldades de natureza económica, financeira e orçamental», afirmou o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, após ter sido recebido pelo Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos.
O Ministro, que iniciou uma visita oficial de três dias ao país irmão, acrescentou que «é nas horas mais difíceis que se notam as amizades mais sólidas».
Santos Silva afirmou que o Governo vai «desenvolver as relações económicas e a cooperação». «Não digo que vamos desenvolver ainda mais a concertação política, porque ela tem sido excelente nos últimos tempos e é assim que se reforça», sublinhou.
Aumento de linha de crédito
O Ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que o aumento da linha de crédito de 1000 para 1500 milhões de euros para apoiar empresas portuguesas em Angola está em estudo.
«Estamos neste momento a trabalhar tecnicamente no sentido de validar as candidaturas de projetos e de empresas, a partir de uma proposta angolana, como manda a convenção angolana», disse, referindo que a autorização do aumento da despesa foi inscrita no orçamento para 2017.
A linha de crédito atual está praticamente esgotada, «o que mostra que é bom instrumento de apoio, e os bons instrumentos devem ser mantidos, aperfeiçoados e desenvolvidos», realçou o Ministro.
Santos Silva realçou a importância que o mercado angolano teve para Portugal no período da crise económica e financeira e referiu que muitas empresas portuguesas apenas conseguiram continuar em atividade através dos projetos em território angolano.
Portugal, ao aumentar a linha de crédito para 1500 milhões de euros, permite às empresas portuguesas financiarem a sua atividade no mercado angolano num momento em que a quebra dos preços do petróleo está a afetar a economia do país.
Relações políticas
O Ministro dos Negócios Estrangeiros e o Presidente José Eduardo dos Santos discutiram a visita do Primeiro-Ministro António Costa a Luanda, que deverá ser realizada «no mais breve espaço de tempo possível».
Esta visita «é um elemento muito importante porque vai permitir que fechemos um ciclo de multiplicação e intensificação dos contactos bilaterais, dando sentido político global a esta nova etapa de relacionamento entre Portugal e Angola».
Santos Silva e o Presidente angolano discutiram também a situação na África Central, na qual «Angola tem sido um fator muito importante para assegurar a estabilidade e a segurança na região», referiu o Ministro.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal reuniu-se também com o Ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, tendo afirmado que as relações bilaterais são «muito ricas e muito densas», o que é visível pelo número de visitas ministeriais mútuas.
Santos Silva anunciou que o Ministro da Agricultura angolano, Marcos Nhunga, visitará Portugal, e que a Ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van Dunem, visitará Angola, ambos ainda em fevereiro.
Criação de Comissão Mista
Os Ministros Santos Silva e Georges Chikoti assinaram um protocolo de criação de uma Comissão Mista, que obriga a encontros diplomáticos regulares dos dois países para analisar as relações bilaterais e os projetos de cooperação.
De acordo com Augusto Santos Silva, o protocolo vai permitir o relançamento de novas áreas de cooperação, enquanto Georges Chikoti afirmou que o trabalho feito poderá ser ainda maior, com vantagens para ambos os países.
«As boas relações económicas são as que geram benefícios para ambas as partes. Portanto, a desigualdade nas relações, seja uns a exportarem muito mais que os outros ou investirem mais ou retirarem vantagens, deve ser evitada», referiu o Ministro português.
Augusto Santos Silva reiterou que «deve haver parcerias de relacionamento económico mutuamente vantajosas». Neste sentido, indicou que o programa de diversificação económica e o investimento na agricultura, no setor agroindustrial e agroalimentar constituem um campo de cooperação muto importante.
«Sabemos também que vai haver cooperação entre os dois países no que diz respeito à museologia da ciência e já há muita cooperação no que diz respeito ao ensino superior», continuou.
Formação de diplomatas
O Ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que a cooperação na área da formação de diplomatas está «no bom caminho».
«Há toda a disponibilidade para colaborar nesta área muito importante da formação diplomática», disse, acrescentando que o objetivo é «integrar todos os domínios de parceria de cooperação que existem entre os dois Estados, num mecanismo de contacto com o formato de uma Comissão Mista».
Modal galeria