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«Portugal apoia não só o interesse do Chile em ser observador da CPLP, como, por sua vez, quer reforçar a sua participação enquanto observador na Aliança do Pacífico», afirmou o Primeiro-Ministro António Costa na declaração conjunta feita com a Presidente Michelle Bachelet, no primeiro dia da sua visita oficial ao Chile, que se seguiu à que realizou à Argentina.
A Presidente da República do Chile tinha afirmado que o seu país tem «um interesse claro» em ser membro observador da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, «tendo em vista uma maior aproximação, não apenas a Portugal, mas também aos outros países que fazem parte dessa comunidade. O Chile é um país que apoia fortemente o multilateralismo».
O Primeiro-Ministro também apoiou a modernização do acordo de associação entre o Chile e a União Europeia, afirmando que «será um marco muito importante que o comércio livre se afirme perante as tentações protecionistas, que ameaçam as relações económicas entre os países».
Reforçar as relações
«Queremos reforçar cada vez mais as relações entre os nossos países. É importante que o Chile veja Portugal como uma porta de entrada na União Europeia, desde logo porque dispomos de um porto de excelente qualidade para poder ser a plataforma logística das exportações chilenas para a Europa e também para a África», afirmou.
António Costa referiu-se também à existência de «uma dinâmica empresarial entre os dois países, como é o caso das startups em Portugal e no Chile», afrimando que, no que diz respeito às indústrias do mar e da gestão florestal, «Portugal oferece muito boas condições para o investimento de empresas chilenas».
Referindo que o Chile é o terceiro cliente de Portugal na América do Sul, o Primeiro-Ministro disse que «há hoje mais de 400 empresas portuguesas a exportar para o Chile e há muitas outras nacionais sediadas no Chile». Contudo, «é preciso uma nova geração de relacionamento entre os dois países».
Posteriormente, no seminário empresarial, a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal) assinou um convénio de colaboração com a a sua congénere InvestChile.
Novas áreas de cooperação
António Costa afirmou ainda que «este é também o momento de afirmar o compromisso de todo o mundo de enfrentar a maior ameaça ao mundo, que são as alterações climáticas».
Referindo que Portugal e o Chile enfrentam problemas comuns, sendo o caso mais grave o dos incêndios florestais, António Costa recordou que «dois bombeiros morreram em 2003 e cinco outros em 2006».
Os dois países devem unir-se e cooperar melhor para responder a um conjunto de questões, designadamente «como melhorar a prevenção, como melhorar a organização no combate ou como valorizar melhor dos pontos de vista ecológico e económico essa riqueza extraordinária que são as florestas».
O Primeiro-Ministro afirmou a «eterna dívida de gratidão» de Portugal para com os sete bombeiros chilenos que aqui morreram a combater fogos florestais, depois de a Presidente Bachelet ter agradecido a presença de mais de 50 bombeiros portugueses, em 2016, no combate a incêndios florestais.
Fernão de Magalhães
O Primeiro-Ministro afirmou também que «há cerca de 500 anos Magalhães uniu-nos para sempre. Queremos que o quinto centenário da primeira viagem de circunavegação (1519-1522) seja um momento para afirmamos valores comuns que são muito importantes no dia de hoje, como o do multilateralismo».
A Presidente da República chilena já tinha referido que «é especialmente emocionante que em 2019 se comece a comemorar os 500 anos da expedição de Fernão Magalhães. Esse deve ser um momento para reforçar as relações históricas entre as nossas nações».
Michelle Bachelet propôs que a rota de Magalhães seja declarada património intangível da humanidade pela UNESCO.
Os dois Chefes de Governo estiveram reunidos no Palácio de La Moneda, em Santiago do Chile, depois de o Primeiro-Ministro ter deposto uma coroa de flores no monumento a Bernardo O''Higgins, herói da independência do Chile.
No final da reunião foi assinado um acordo que prevê que os jovens entre os 18 e os 30 anos podem estabelecer-se no Chile ou em Portugal, em trabalho, em estudo ou em férias, sem necessidade de visto, durante um ano.
Porta de entrada na UE
O Primeiro-Ministro referiu-se igualmente à expedição de circumnavegação da Terra de Fernão Magalhães no seminário empresarial promovido pela AICEP e pela InvestChile, convidando os empresários chilenos a fazerem a viagem em sentido contrário, destacando as oportunidades nos setores agroalimentar e da gestão florestal.
António Costa elogiou a estabilidade e a sustentabilidade da trajetória de crescimento económico do Chile e apresentou Portugal como a porta de entrada das exportações chilenas para a União Europeia, sublinhando que produzir em Portugal «é estar a produzir no mercado da União Europeia».
Apontando a grande experiência chilena no agroalimentar, disse campo que Portugal «está a desenvolver as áreas de regadio para aumentar as produções».
Assim, «da mesma forma que vieram empresas portuguesas para o Chile para produzir vinho, estou certo que há empresas chilenas que podem produzir em Portugal, na Europa, determinados produtos».
Referindo-se às florestas como outra área de cooperação interessante, António Costa apresentou as alterações legislativas em curso para melhorar a proteção ambiental e valorizar economicamente as florestas.
«Em Portugal, ao contrário do que acontece no Chile, a grande maioria do património florestal está nas mãos de privados e tem uma área de muito reduzida dimensão, o que dificulta qualquer objetivo de rentabilização económica. Mas, há agora um novo quadro jurídico para sociedades de investimento, tendo em vista uma gestão integrada através do pagamento de uma renda a cada um dos pequenos proprietários», explicou.
Mas também no domínio do empreendedorismo tecnológico, a segunda edição da WebSummit, em Lisboa, «é uma grande oportunidade para as startups chilenas encontrarem parcerias com startups portuguesas ou de qualquer outra parte do mundo».
Foto: Primeiro-Ministro António Costa e Presidente da República do Chile, Michelle Bachelet, durante a assinatura do acordo pelos Ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva e Heraldo Muñoz, Santiago do Chile, 14 junho 2017
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