O Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, elogiou o percurso de sucesso do setor do azeite em Portugal, ao longo da última década, após um período de declínio: «No espaço de uma década passámos de uma situação de défice crónico para um superávite de 150 milhões de euros, o que é notável e reflexo de altas performances produtivas e a um nível de competitividade muito bom, porque há ainda margem para progredir».
«A produção de azeite quadruplicou e as exportações triplicaram, sendo o nosso país o 7.º produtor mundial e ocupando o 4.º lugar nos países exportadores, com valores que atingiram os 496 milhões de euros em 2017», disse Luís Medeiros Vieira no encerramento do III Simpósio Internacional dos Azeites do Sul, integrado na 35.ª edição da Ovibeja.
«Esta margem está na cadeia de valor», disse o Secretário de Estado, que deixou dois desafios ao setor: «apostar e inovar na embalagem e no marketing, por forma a acrescentar valor ao produto, e apostar na organização de um cluster capaz de procurar novas geografias para aumentar a internacionalização».
Luís Medeiros Vieira citou mesmo o exemplo da Portugal Fresh e da Wines of Portugal, que têm vindo a consolidar as posições das respetivas fileiras no mercado externo, com um significativo aumento de rendimento para os produtores.
A existência de «uma marca-chapéu, com o nome de Portugal, abre efetivamente portas e permite ganhos de escala que se traduzem em capacidade de fornecimento de grandes mercados», sublinhou.
O Secretário de Estado afirmou «a necessidade de exploração de novas geografias», tendo em conta que as empresas portuguesas têm a sua exportação de azeite concentrada essencialmente em apenas 3 países.
Deixar de vender a granel
Relativamente à questão do valor acrescentado, Luís Medeiros Vieira referiu que «importa reverter a situação em que o azeite é vendido, porque nós estamos a exportar uma grande parte a granel», sendo que «a embalagem, a marca e o rótulo são elementos que acrescentam valor e que temos de assegurar que são trabalhados em Portugal».
«Além de acrescentarem valor ao produto, representam mais postos de trabalho, mais economia interna», sublinhou.
O Secretário de Estado disse que «o percurso que o azeite tem feito se deve às novas áreas de regadio, sobretudo na região de Alqueva, ao investimento inovador e qualificado em olivais modernos com um perfil tecnológico elevado e ao aumento significativo da produtividade, uma conjugação de fatores que poderá permitir que a produção de azeite atinja as 120 mil toneladas até 2020».
Apoio público ao investimento
Neste contexto, Luís Medeiros Vieira destacou o papel relevante da política de apoio ao investimento. Entre 2007 e 2017, foram apoiados cerca de 2400 projetos de investimento, que envolveram um montante global de 768 milhões de euros, a que correspondeu um apoio público de 293 milhões de euros.
O Secretário de Estado destacou os projetos promovidos por jovens agricultores, com um investimento associado de 133 milhões de euros e apoios públicos da ordem dos 76 milhões de euros, «um sinal evidente de transformação estrutural da agricultura portuguesa».
No final da sua intervenção, Luís Medeiros Vieira instou o setor «a continuar este caminho de sucesso, investindo na inovação e na qualidade diferenciada, tirando partido das condições únicas nas novas áreas de regadio e aproveitando as oportunidades de um mercado mundial em crescimento, que reconhece o contributo do azeite para uma alimentação saudável».
E enalteceu o «esforço notável dos produtores e dos empresários, que têm vindo a reverter a situação de um setor que todos consideravam declínio, mas que tem vindo a surpreender: este ano atingiu 125 mil toneladas de produção, volume que não era atingido há muitas décadas».
No final deste III Simpósio Internacional dos Azeites do Sul, decorreu a cerimónia de entrega dos prémios do 8.º Concurso Internacional de Azeites Virgem Extra. Portugal foi o grande vencedor na categoria de Frutado Verde Ligeiro, com a Sovena a liderar uma lista de 6 premiados, todos de marcas nacionais.