O Primeiro-Ministro António Costa afirmou que a inovação vai permitir produzir conhecimento que contribua para a rentabilização dos recursos endógenos da floresta, durante a visita ao Centro de Inovação e Competências da Floresta (SERQ), na Sertã.
«A inovação é o motor do desenvolvimento do País. Se quisermos continuar a crescer, a criar mais emprego e emprego mais qualificado, precisamos de investir na educação», disse António Costa durante a visita que está integrada no âmbito do Roteiro Inovação.
O Primeiro-Ministro realçou que o investimento na inovação permite «valorizar todos os territórios e pode e deve ser um fator de coesão», através da aplicação do conhecimento na valorização dos recursos endógenos.
No caso do Centro de Inovação e Competências da Floresta, o objetivo é fazer com que a floresta «deixe ser um fator de ameaça à segurança dos territórios e das povoações e passe a ser uma fonte de rendimento, que permita criar mais riqueza e mais postos de trabalho neste interior desvitalizado».
António Costa reforçou a importância da prevenção dos incêndios florestais, com destaque para o ordenamento e limpeza das matas, mas lembrou que «é essencial que as matas gerem o rendimento necessário para que esta limpeza seja possível».
Criar valor através de novas aplicações
«O SERQ mostra que é possível encontrar em espécies que hoje tratamos como praga, como a acácia, novas aplicações que lhe dão um valor», disse o Primeiro-Ministro, salientando o valor económico que resulta da remoção destas acácias, apontando ainda como o valor do metro cúbico de pinho pode duplicar com as novas aplicações.
«Isto significa maior rendimento para os residentes e para este território, que fica com maior atratividade para a fixação de novas empresas e, com elas, mais postos de trabalho», destacou António Costa, reiterando que uma melhor gestão do ativo florestal potencia também a fonte de rendimento.
«Não estamos condenados à fatalidade de vivermos um ciclo vicioso de despovoamento por empobrecimento, empobrecimento por despovoamento e desordenamento florestal por via do despovoamento e do empobrecimento», acrescentou.
O Primeiro-Ministro realçou que «é possível devolver vitalidade ao território, criar riqueza e empresas, e assim ter-se uma floresta que não seja uma ameaça mas sim uma das bases fundamentais da economia de toda esta região».
O papel das autarquias locais também foi destacado por António Costa, como catalisadores das estratégias de desenvolvimento, fazendo a ponte entre as universidades, os centros de formação, de investigação e de produção de conhecimento e os agentes económicos, para que se possa «dar um novo valor aos produtos endógenos do território».
Produzir conhecimento para proteger melhor a floresta
O Primeiro-Ministro destacou também a importância que a produção de conhecimento tem na proteção da floresta, durante a visita ao Centro de Ciência Viva da Floresta, em Proença-a-Nova.
Na assinatura do memorando de entendimento entre a Fundação para a Ciência e a Tecnologia e o laboratório colaborativo ForestWiSE, António Costa realçou que quatro dos primeiros seis laboratórios colaborativos a serem lançados estão relacionados com o desenvolvimento rural: culturas de montanha, vinho no Douro, agricultura de precisão e prevenção dos incêndios na floresta.
«Este laboratório é um de que o País não tem a menor dúvida da sua importância», disse o Primeiro-Ministro, que foi acompanhado pelo Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos.
A necessidade de ter uma floresta com melhor capacidade de resistência ao fogo e melhores técnicas de vigilância e de intervenção em caso de incêndio, é a grande prioridade do laboratório e vai contribuir para que «todo o País conheça melhor a floresta e se empenhe mais a ser um parceiro ativo na valorização e proteção».
Benefícios do conhecimento generalizado
«Temos de incorporar mais conhecimento na floresta de forma a podermos valorizar mais tudo aquilo que podemos tirar da floresta. Não podemos tirar só a madeira para a pasta de papel, podemos tirar muito mais, e é este muito mais que precisamos de identificar», acrescentou.
António Costa salientou a relevância de haver um conhecimento mais profundo da dinâmica da vida da floresta e perceber o que é preciso fazer a cada momento para que esta possa ser mais produtiva e resiliente.
O conhecimento produzido no estudo da interação da floresta com o comportamento do clima vai permitir que o País e as populações se possam proteger melhor. «Temos de dotar com conhecimento todos os sapadores florestais, vigilantes, bombeiros voluntários ou profissionais» para que existam melhores condições de ataque ao fogo e uma menor margem de risco das atividades.
«Se algo ficou claro com a Estratégia Nacional para uma Proteção Civil Preventiva aprovada a 21 de outubro, foi precisamente a necessidade de introduzir o conhecimento em todos os níveis: floresta, valorização dos produtos da floresta, combate aos incêndios e recuperação após os incêndios».
«Vamos ter a floresta como fator crescente do enriquecimento do País, cada vez mais decisivo para a valorização de todos estes territórios, uma floresta mais resiliente aos incêndios e que seja uma fonte de enriquecimento e não uma ameaça às populações e aos seus bens», acrescentou.