A Ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou que o Serviço Nacional de Saúde (SNS), é um serviço público «resistente às pressões, um valor seguro» na vida dos portugueses, em declarações à agência Lusa, pelos 40 anos do SNS, que se assinalam a 15 de setembro.
«O SNS soube ganhar a simpatia e a confiança dos portugueses», acrescentou a Ministra, referindo ainda: «Hoje, é claro que o SNS pode sofrer modificações, que pretendemos que nunca afetem os seus princípios essenciais, mas não pode ser posto em causa».
Marta Temido sublinhou: «Coisa diferente é a sua eventual descaracterização. É contra isso que temos de trabalhar. Um dos desafios é manter a cobertura populacional».
«O SNS é para todos»
«Temos um número significativo de estrangeiros à procura de médico de família, é um desafio acrescido. Mas o SNS está cá para garantir cuidados a todos. Isso é uma forma de preservar a essência do SNS», disse a Ministra.
Reafirmando que «o SNS é para todos», Marta Temido lembrou ainda que a saúde individual, além de um direito humano, é uma questão que afeta também a saúde coletiva.
«O SNS é um sinónimo de democracia e um dos melhores garantes de uma sociedade mais justa, mais coesa e progressista», disse também.
Nova Lei de Bases da Saúde
«O mais importante deste ano foi a coincidência entre os 40 anos e aprovação de uma nova Lei de Bases da Saúde», afirmou a Ministra, referindo que «foi uma coincidência feliz, não apenas pela Lei de Bases como está em Diário da República, mas por aquilo que agora importa fazer para a desenvolver».
E acrescentou: «Será muito trabalho para o Governo para, por exemplo, definir a regulamentação da dedicação plena dos profissionais, pelas parcerias e pela relação público-privado».
Desafios para o setor
«Há um trabalho de política de recursos humanos que é preciso enfrentar quando um novo ciclo político se iniciar», disse ainda Marta Temido, lembrando: «Precisamos de rever os nossos modelos remuneratórios. É preocupante a realidade neste momento».
A Ministra referiu também: «Temos alguns serviços muito dependentes de prestadores de serviços e precisamos de reverter esta realidade. Como é que isso se faz? Tornando mais atraente o trabalho em serviço de urgência para os profissionais do mapa de pessoal das instituições».
«É preciso alocar os recursos de outra forma, que incentive os profissionais a aceitar o trabalho de urgência no seu hospital e incentivando-os a serem mais produtivos e eficientes na atividade programada, como o modelo das unidades de saúde familiar», acrescentou.
Além disso, «é preciso garantir que os profissionais que se formam são atraídos e mantidos dentro do SNS», já que «os profissionais que formamos no SNS têm uma enorme apetência por trabalhar noutros sítios ou trabalhar no SNS em prestação de serviços».
Outro dos desafios do SNS é diminuir a disparidade entre a imagem que tem o serviço de saúde e a sua qualidade efetiva: «Temos de modificar a imagem do SNS, que muitas vezes é uma imagem que se tem contagiado e não corresponde à total experiência dos seus utilizadores», concluiu.