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Histórico XXII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

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2021-10-19 às 12h43

Aristides de Sousa Mendes no Panteão Nacional

Primeiro-Ministro António Costa, Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e Presidente da Assembleia da república, Ferro Rodrigues, na homenagem a Aristides de Sousa Mendes, Lisboa, 19 outubro 2021 (foto: Mário Cruz/Lusa)
O Primeiro-Ministro, António Costa, afirmou que «infelizmente, a história tem-nos demonstrado que aquilo com que Sousa Mendes foi confrontado continua a ser uma realidade», pelo que «é muito importante que os seus valores sejam lembrados».

António Costa falava no final da cerimónia de Concessão de Honras de Panteão Nacional a Aristides de Sousa Mendes, que decorreu no Panteão Nacional, em Lisboa, e onde estiveram diversos membros do Governo. E que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, que intervieram na sessão. 

Os valores que Aristides de Sousa Mendes praticou devem ser «lembrados como homenagem devido aos atos que foram praticados naquele tempo, mas também como inspiração para aquilo que temos de continuar a fazer e para manter bem vivos esses valores», sublinhou.

«Perseguições não acabaram»

O Primeiro-Ministro disse que a consagração do antigo diplomata português é «muito importante nos tempos que correm», «porque as perseguições não acabaram com a segunda guerra mundial, nem a necessidade de assegurar proteção internacional terminou com aquele período».

António Costa disse ainda que hoje se vivem novas realidades, mas que, no fundo, o que está em causa «é exatamente o mesmo: a proteção da dignidade da vida humana, a proteção das vidas, daqueles que buscam salvação».

Justo

Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus, França, no começo da Segunda Guerra Mundial, salvou milhares de judeus e de outros refugiados do regime nazi e da sua conquista militar da Europa, emitindo vistos à revelia das ordens do Governo de António de Oliveira Salazar, pelo que foi expulso da carreira diplomática.

Nascido em 19 de julho de 1885, na aldeia de Cabanas de Viriato, concelho do Carregal do Sal, Viseu, Aristides de Sousa Mendes morreu em abril de 1954, no Hospital Franciscano para os Pobres, em Lisboa.

Em 1966, o Memorial do Holocausto, em Jerusalém, prestou-lhe homenagem, atribuindo-lhe o título de Justo entre as Nações.

Em Portugal, em abril de 1988, a Assembleia da República decretou, por unanimidade, a reintegração, a título póstumo, na carreira diplomática do ex-cônsul, reconhecendo-se também o direito a indemnização reparadora aos herdeiros diretos.

Aristides foi também condecorado, a título póstumo, em 1986, com o grau de Oficial da Ordem da Liberdade e, em 1995, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, ambas pelo Presidente Mário Soares e mais recentemente em 2016, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

O processo de concessão de honras de Panteão Nacional a Aristides, foi aprovado na Assembleia da República em julho de 2020.