A situação entre Rússia e Ucrânia «permanece extremamente perigosa», pois, embora tenha havido «alguns sinais positivos nas afirmações» das autoridades russas, «no terreno, ainda não vimos nenhuma alteração. Ou seja, continuamos numa situação em que a Rússia tem capacidade para uma ação militar de grande envergadura com pouco ou nenhum pré-aviso», disse o Ministro da Defesa Nacional João Gomes Cravinho, no final do primeiro dia de uma reunião de dois dias dos Ministros da Defesa da Aliança Atlântica, em Bruxelas.
Apesar dos anúncios por parte de Moscovo acerca do início da retirada de tropas, uma vez concluídas manobras militares de grande envergadura junto às fronteiras da Ucrânia, «a avaliação que é feita pelos serviços de informações da NATO é que não houve nenhuma retirada significativa de forças», disse acrescentando que «a Rússia mantém toda a capacidade» para «levar a cabo uma ação militar a muito curto prazo».
Gomes Cravinho sublinhou que se, para a NATO, «diálogo e diplomacia são a chave para a resolução desta situação e para o desanuviamento das tensões», «diálogo e dissuasão são duas faces da mesma moeda, e é muito importante os aliados da NATO terem uma postura de grande dissuasão, precisamente para precaver contra qualquer aventureirismo».
Dissuasão e diálogo
Numa
declaração conjunta, os Ministros da Defesa da NATO, afirmaram que «as ações da Rússia representam uma séria ameaça à segurança euro-atlântica» e exortaram a liderança russa a escolher a via diplomática para a resolver a crise com a Ucrânia. «Continuamos empenhados na nossa abordagem dupla à Rússia: forte dissuasão e defesa, combinada com a abertura ao diálogo», refere o texto.
Os 30 Ministros afirmam que a NATO está a tomar «medidas preventivas e proporcionais» para «reforçar ainda mais» a sua «posição defensiva e dissuasora para responder a todas as contingências», estando «a destacar forças terrestres adicionais para a parte oriental da Aliança, bem como recursos marítimos e aéreos adicionais, tal como anunciado pelos aliados», e a aumentar a prontidão das suas forças.
Escolher a diplomacia
A declaração insta a Rússia, «nos termos mais fortes possíveis, a escolher a via da diplomacia, e a inverter imediatamente o reforço do seu dispositivo militar e retirar as suas forças da Ucrânia, de acordo com as suas obrigações e compromissos internacionais.
Os Aliados afirmam a sua vontade de «prosseguir a diplomacia e o diálogo com a Rússia sobre questões de segurança euro-atlântica», manifestando «disponibilidade para participar num diálogo renovado sobre segurança europeia».
A NATO fez «propostas substanciais à Rússia para reforçar a segurança de todas as nações da região euro-atlântica» às quais aguarda uma resposta, e tem «oferecido repetidamente mais diálogo através do Conselho NATO-Rússia».
Questionado sobre a participação de Portugal, o Ministro afirmou que «se for necessário», Portugal participará no reforço de forças da NATO nos seus Estados membros na Europa de leste. Contudo, a liderança militar da aliança não fez este pedido aos decisores políticos, acrescentou.
«Não temos previsto nada para além daquilo que foi decidido no
último Conselho Superior de Defesa Nacional, ainda no ano passado. Naturalmente que qualquer nova decisão terá de ser objeto de consideração por parte do Conselho Superior de Defesa Nacional, mas não temos para já previsto nada», acrescentou, no final do primeiro dia da reunião.