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2021-01-18 às 18h19

«Estamos a viver o momento mais grave desta pandemia»

Conferência de imprensa do Conselho de Ministros extraordinário, 18 de janeiro de 2021
Primeiro-Ministro António Costa apresenta as decisões do Conselho de Ministros extraordinário, Lisboa, 18 janeiro 2021 (foto: Miguel A. Lopes/Lusa)
«Estamos a viver o momento mais grave desta pandemia, em que não está só em causa a pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde, sobre o esforço extraordinário que médicos enfermeiro, técnicos auxiliares, assistentes operacionais todos estão a fazer», disse o Primeiro-Ministro António Costa no final da reunião extraordinária do Conselho de Ministros, em Lisboa. 

O Primeiro-Ministro sublinhou que «o que está verdadeiramente em causa é a saúde e a vida de cada um de nós e das pessoas que nos rodeiam».

«Três dias é um período curto para avaliar o impacto das medidas que foram adotadas na quinta-feira, 13 de janeiro, mas, recolhendo informações junto das forças de segurança, dos operadores de transportes públicos, dos concessionários das autoestradas e dos dados relativos à movimentação de telemóveis, podemos verificar que entre sexta-feira, dia 15, e domingo, dia 18, comparativamente com o período entre sexta-feira e domingo da semana anterior, tivemos uma redução de cerca de 30% das movimentações», referiu.

António Costa agradeceu «a todos os que contribuíram para esta redução», mas disse «aos restantes 70% que não é aceitável mantermos este nível de circulação ao fim-de-semana e aos dias úteis».

Novas proibições

«Perante esta situação impõe-se clarificar normas que têm sido objeto de abuso ou alargar o quadro de restrições», disse.

Assim:
  1. É proibida a venda ou entrega ao postigo em qualquer estabelecimento do ramo não alimentar;
  2. É proibida a venda ou entrega ao postigo de qualquer tipo de bebida nos estabelecimentos alimentares;
  3. É proibida a permanência e consumo de bens alimentares nas imediações dos estabelecimentos do ramo alimentar;
  4. São encerrados todos os espaços de restauração em centros comercias, mesmo em regime de takeaway;
  5. São proibidas todas as campanhas de saldos, promoções e liquidações que fomentem a concentração de pessoas;
  6. É proibida a permanência em espaços públicos de lazer, como jardins, nos quais se pode circular, mas não permanecer;
  7. Que os presidentes das Câmaras Municipais limitem o acesso a locais de grande concentração de pessoas, como as frentes marítimas ou ribeirinhas, e sinalizem a proibição de uso de bancos de jardim, parques infantis e equipamentos desportivos;
  8. São encerradas as universidades séniores, os centros de dia e de convívio;
  9. Todos os trabalhadores que tenham de se deslocar para trabalhar presencialmente precisam de credencial emitida pela entidade patronal, e todas as empresas de serviços com mais de 250 trabalhadores têm de enviar, nas próximas 48 horas, à Autoridade das Condições de Trabalho, a lista nominal de todos os trabalhadores cujo trabalho presencial é indispensável;
  10. É proibida a circulação entre concelhos ao fim-de-semana;
  11. Todos os estabelecimentos de qualquer natureza devem encerrar às 20h nos dias úteis e às 13h aos fins-de-semana, com exceção do retalho alimentar que poderá prolongar-se até às 17h aos fins-de-semana.
O Primeiro-Ministro afirmou que «estas medidas vão ser acompanhadas do reforço da fiscalização da Autoridade das Condições de Trabalho e das forças de segurança, a quem foi determinada maior visibilidade da sua presença na via pública e designadamente nas imediações dos estabelecimentos escolares, para serem fator de dissuasão e impedirem ajuntamentos que são uma ameaça à saúde pública».

Vacinação

António Costa disse também que «face às novas informações disponibilizadas pelas Pfizer e pela Agência Europeia do Medicamento, estamos em condições de ter uma melhor gestão das vacinas e acelerar o processo de vacinação nos lares, assumindo agora como objetivo, concluir, até ao final da próxima semana, a administração integral da primeira toma em todos os lares, salvo naqueles em que a existência de surtos impede a vacinação».

O Primeiro-Ministro renovar o apelo que tem feito: «o momento que estamos a viver é o mais grave. Hoje morreram 167 pessoas. Não há nenhuma razão para termos menos medo hoje do que quando a Covid-19 nos chegou, em março passado».

«Podemos ter toda a confiança na excelência dos profissionais de saúde e nos esforços para multiplicar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde, as forças de segurança irão reforçar a fiscalização e o Governo e, seguramente, a Assembleia da República e o Presidente da República não hesitarão em tomar as medidas mais duras que se imponham para salvaguardar a saúde pública», disse. 

Combate é individual

«Mas todos têm de compreender que o controlo e combate à pandemia dependem do comportamento individual de cada um e de todos», sublinhou.

«Temos de assumir como dever de solidariedade para com os outros e de proteção de nós próprios», disse acrescentando que «não é o momento para festas, jantares, para encontrar a exceção que permita fazer o que sabemos que não devemos fazer».

António Costa sublinhou que «temos de nos concentrar no fundamental: protegermo-nos, usando máscara, lavando as mãos, mantendo o distanciamento físico».

«Depois de tantos milhares de infetados e de mortos, ninguém pode ter a imprudência de pensar que o Covid só acontece aos outros. Acontece a qualquer um de nós», se não cumprirmos as regras, lembrando que «todos os dias batemos os recordes dos números de infetados, internados e mortos».

O Primeiro-Ministro concluiu afirmando que «temos razões para ter esperança porque há uma vacina, mas temos de ter a prudência de saber que o processo de vacinação será demorado e que, até estarmos vacinados, ninguém está protegido».