O projeto dos ventiladores hospitalares desenvolvidos pelo CEIIA «transformou a indústria portuguesa, a ciência portuguesa e o ânimo que os portugueses podem ter no nosso País e no relançamento da economia», não só «com base no que já fazíamos bem» como «no que aprendemos nestes duros dois meses de luta pela sobrevivência», disse o Primeiro-Ministro António Costa.
O Primeiro-Ministro discursava numa visita ao Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel, para assinalar a produção do centésimo ventilador (chamado Atena – deusa grega da sabedoria e das artes) desenvolvido por este centro de engenharia e desenvolvimento de produtos localizado em Matosinhos.
Reforçar produção nacional
Embora o CEIIA «tenha fabricado os primeiros 100 ventiladores, o objetivo é libertar esta tecnologia para a indústria nacional a poder usar, para responder às necessidades nacionais e às globais, pois os ventiladores continuam a ser uma enorme carência seja na Europa, seja noutros continentes», sendo agora «preciso obter a certificação pelos órgãos comunitários para que possam ser exportados».
Com esta crise «aprendemos que não podemos estar tão dependentes de fornecimento externos como temos estado. Coisas tão banais como máscaras, não podem vir de países a milhares de quilómetros de distância; não podemos depender de um mercado que está completamente desregulado, selvagem, a lutar para comprar um ventilador aqui e outro ali», disse.
Por isso, «temos de reforçar as capacidades nacionais de produção. Temos engenharia, indústria e competências profissionais para isso e, portanto, podemos ser autónomas na produção de equipamentos de proteção de qualquer tipo, ou de maquinaria como ventiladores», acrescentou o Primeiro-Ministro.
António Costa disse que Portugal, além da
contribuição de 10 milhões de euros em dinheiro, «é capaz de dar contribuições em equipamentos de proteção e material de tratamentos» para combater a pandemia de Covid-19, «um desafio global que só pode ser respondido à escala global e através do valor da solidariedade».
«O Estado, nas aquisições do ventilador Atena que vai fazer, vai reforçar as necessidades nacionais e também reforçar a contribuição de Portugal na cooperação para o desenvolvimento, designadamente, com os países lusófonos», afirmou.
Garantir a confiança
O Primeiro-Ministro referiu que devido às medidas de confinamento, à disciplina dos portugueses e à capacidade do Serviço Nacional de Saúde e os seus profissionais, «nunca vivemos uma situação de rutura nos hospitais. O número de camas em unidades de cuidados intensivos foi sempre suficiente para todas as necessidades, e o sonho que todos temos é que nunca venha a ser necessária a utilização de todas essas camas e do equipamento que estamos a reforçar».
«Para passarmos da fase de ultra-confinamento para a de convívio com um vírus que vai permanecer até haver uma vacina, é fundamental reforçar os fatores de segurança»: «disponibilidade em grande quantidade de máscaras, luvas e líquido desinfetante»; «higienização dos locais de trabalho, de comércio, e dos transportes públicos»; «e um Serviço Nacional de Saúde suficientemente robusto e com os equipamentos necessários».
António Costa sublinhou que «é muito importante os cidadãos saberem, que se as coisas correrem mal, não faltarão ventiladores para todos os que necessitam».
O Primeiro-Ministro foi acompanhado pelo Ministro da Ciência, Tencologia e Ensinos Superior, Manuel Heitor, e pelos Secretários de Estado Adjunto e da Economia, João Neves, e Adjunta e da Saúde, Jamila Madeira.