Portugal vai avançar com a candidatura das pesqueiras do rio
Minho ao registo nacional de património imaterial. A apresentação pública da
candidatura foi feita em Melgaço, numa cerimónia onde esteve a Secretária de
Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira.
Numa declaração à agência de notícias Lusa, após a
cerimónia, Angela Ferreira referiu que a candidatura, do lado português, é
coordenada pela Direção-Geral do Património Cultural enquanto o processo ainda
está a decorrer em Espanha.
A Secretária de Estado disse também que a candidatura vai
agora «ser analisada por técnicos da Direção-Geral do Património Natural»,
podendo estar ainda sujeita «a pedidos de esclarecimentos adicionais à equipa
científica que a produziu». Seguir-se-á a consulta pública, antes do despacho
final de inscrição no registo nacional de património natural imaterial.
Ângela Ferreira destacou ainda a importância da «preservação
do saber e do conhecimento» que as pesqueiras encerram, para garantir a
«passagem às gerações futuras» de «um conhecimento imemorial», uma «parte
incontornável da história do rio Minho».
«Esse vai ser um pilar fundamental da divulgação, tanto
nacional como internacional, desta prática e do território que acompanha o rio
Minho, tanto do lado português como espanhol», acrescentou.
900 estruturas num troço de 37 quilómetros
O rio Minho - sendo uma fronteira natural entre os dois
países - concentra, num troço de 37 quilómetros (entre Monção e Melgaço), cerca
de 900 pesqueiras para a captura da lampreia, do sável, da truta, do salmão ou
da savelha.
As estruturas antigas em pedra são descritas no estudo «A
pesca nas pesqueiras do rio Minho», de Álvaro Campelo, como «habilidosos
sistemas de muros construídos a partir das margens, que se assumem como
barreiras à passagem do peixe, que se via assim obrigado a fugir pelas pequenas
aberturas através das quais, coagido pela força da corrente das águas, acabando
por ser apanhado em engenhosas armadilhas».
As construções, «umas milenares e outras centenárias,
pressupõem um saber e compreensão da bacia do rio, das suas características
biológicas, eco ambientais, físicas, orográficas, e as artes de pesca,
testemunhas do conhecimento e vida das comunidades ribeirinhas e do seu
sentimento de pertença a uma unidade cultural e identitária».