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Histórico XXII Governo - República Portuguesa Voltar para Governo em funções

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2022-01-13 às 13h23

Preocupações portuguesas integradas Bússola Estratégica da União Europeia

A mais recente versão do projeto de nova estratégia de Defesa da União Europeia, a chamada Bússola Estratégica, já incorpora algumas preocupações portuguesas, mas Portugal quer que a UE dê ainda maior atenção ao oceano Atlântico, disse o Ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, numa declaração à RTP e à Lusa, em Brest, França, onde os Ministros da Defesa dos 27 países estão reunidos.

O Ministro salientou a importância da Bússola Estratégica na qual, «pela primeira vez, a União Europeia se assume como tendo relevância geopolítica e explica como essa relevância se deve demonstrar nos próximos quatro, cinco anos».

A versão nova, apresentada pelo Alto Representante para a Política Externa e de Segurança da UE, Josep Borrell, «é uma versão melhorada, incorporou algumas preocupações portuguesas, nomeadamente um reforço das partes dedicadas à segurança marítima, mas acreditamos que até março (quando deverá ser aprovada) ainda pode sofrer algumas alterações positivas», acrescentou.

Além do reforço da dimensão da segurança marítima, Portugal quer que, esta dimensão inclua «referências muito mais claramente vincadas ao oceano Atlântico», pois, na atual versão do documento, «o Atlântico está um pouco ausente».

O documento tem referências ao Mediterrâneo, ao Índico e ao Indo-Pacífico, mas falta-lhe «referências muito claras ao Atlântico, que é um oceano da maior importância geoestratégica para a Europa e que é cada vez mais um espaço de contestação e de concorrência entre grandes potencias».

João Gomes Cravinho saudou, contudo, a convergência entre os 27 países numa matéria que não era, normalmente, consensual: «Verificamos agora que o grau de convergência entre os europeus é tal que começamos a falar de aspetos de pormenor, e isso significa que não há risco de o documento não ser adotado em março», disse.

Rússia e Ucrânia

O Ministro também se congratulou com a «recusa absoluta» por todos os Estados-membros da União Europeia das tentativas da Rússia para dividir a União Europeia quanto à atitude perante as ameaças russas à Ucrânia.

«É muito claro que as atitudes da Rússia tentam dividir. Dividir os europeus e dividir os europeus dos norte-americanos. E essa atitude mereceu claramente uma recusa absoluta, e todas as intervenções hoje foram muito claras sobre a importância de se manter a unidade no diálogo com a Rússia», afirmou.

Referindo que a tensão entre Rússia e Ucrânia, é «uma situação muito preocupante», João Gomes Cravinho disse que ela «tem de ser tratada com toda a firmeza, clareza de propósito e de unidade por parte dos europeus». 

Gomes Cravinho referiu-se também às garantias dadas pelos Estados Unidos (principal interlocutor de Moscovo nas conversações em curso para reduzir as tensões na Ucrânia) de que a Europa terá sempre uma palavra a dizer numa solução política para o conflito, afirmando que neste caso há uma coordenação estreita, ao contrário do sucedido no verão de 2021, com a retirada das forças norte-americanas do Afeganistão, que apanhou a Europa de surpresa.

«Aprendemos todos com a experiência do Afeganistão, e os Estados Unidos têm feito um esforço muito significativo para uma coordenação estreita com a UE e os países individuais da UE ao longo destas últimas semanas», acrescentou.

A reunião informal de Ministros da Defesa começou no dia 12, após uma reunião do Conselho NATO-Rússia realizado nesse dia em Bruxelas, no qual houve um efetivo diálogo, ainda que sem conclusões, ainda se estando «muito longe de uma solução satisfatória de entendimento com a Rússia, disse.