O Primeiro-Ministro António Costa pediu a todos os portugueses que possam utilizar máscaras reutilizáveis produzidas pela indústria portuguesa.
Em Lisboa, na receção a três associações do setor (Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção, Associação Nacional das Indústrias de Têxteis-Lar e Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios), António Costa salientou três vantagens desta utilização.
«É amiga do ambiente e evita estarmos a destruir recursos que podem e devem ser reutilizados, protege-nos contra a pandemia e protege os empregos dos que trabalham na indústria têxtil e as próprias empresas da indústria têxtil», afirmou.
António Costa reiterou também o apelo dos cuidados acrescidos básicos de proteção individual, como a lavagem frequente das mãos e a manutenção do distanciamento físico necessário, e insistiu na importância de haver a maior rede possível de portugueses com a
aplicação Stayaway Covid descarregada.
Numa sessão em que as associações ofereceram exemplares de máscaras comunitárias reutilizáveis e certificadas produzidas por empresas portuguesas, António Costa realçou também o «enorme esforço que a indústria têxtil tem feito ao longo destes meses para se readaptar à realidade».
António Costa acrescentou que apesar da quebra do mercado de fornecedores, as empresas conseguiram reinventar-se para criar algo indispensável à vida de todos os cidadãos: máscaras e equipamentos de proteção individual.
Medidas de apoio ao setor
O Programa de Estabilização Económica e Social contempla medidas fiscais, moratórias bancárias, apoio à retoma progressiva, incentivo à normalização da atividade, linhas de crédito e fundo de capitalização, ou a aceleração na criação de Pequenas e Médias Empresas para promover o auxílio às empresas do setor.
Até 30 de junho os mecanismos de apoio promovidos pelo Governo tinham apoiado um total de 407 projetos de inovação produtiva, 41 de investigação e desenvolvimento para a Covid-19, 16927 no âmbito do Adaptar Micro e 728 no âmbito do Adaptar PME. Destes, 105 dizem respeito a projetos de têxtil e 134 de vestuário, com um investimento elegível acumulado de 226,9 milhões de euros apenas para os projetos do setor.
O setor beneficiou também de linhas de apoio destinadas a apoiar a tesouraria que alocaram um financiamento total, entre a Linha de Apoio à Economia e a Linha Capitalizar Covid, de 195 milhões de euros para o setor têxtil, 195 milhões de euros para o setor do vestuário e 130 milhões de euros para o setor do calçado.
A Covid-19 teve um impacto nas exportações do setor, com quebras homólogas no primeiro semestre do ano transversais nos têxteis, vestuário e calçado, mas a adaptação permitiu com que a exportação de produtos relacionados com a pandemia aumentassem, não só de máscaras (mais 48 milhões de euros até maio), mas também de batas hospitalares (mais cinco milhões de euros no mesmo período).
Capacidade de adaptação e oportunidade de expansão
O contexto atual confere uma oportunidade para que as empresas do setor possam explorar outras possibilidades no contexto europeu, seja através do encurtamento das cadeias de valor ou da autonomia estratégica, aproveitando os incentivos europeus à modernização e aumento da competitividade.
O setor dos têxteis, vestuário e calçado português pode mesmo ser um dos maiores beneficiados quando analisadas as oportunidades de exportação por via de desvio de comércio, aproveitando para se substituir aos fornecedores extracomunitários e ganhar influência nos mercados comunitários não especializados.
O setor é composto por 12 mil empresas e 139 mil trabalhadores e representa mais de 2% da economia nacional e 3% do emprego. Em 2019 foi responsável por 9% das exportações de bens (31% deles para Espanha) e apresentou um saldo externo positivo superior a 1500 milhões de euros.