Governo apresentou programa para a comemoração do V centenário do nascimento do mais importante poeta da língua portuguesa
«Celebrar Camões no século XXI é fazê-lo com humildade democrática diante da sua grandeza e da obra que nos legou», disse o Primeiro-Ministro Luís Montenegro na cerimónia de
apresentação do programa das comemorações do quinto centenário do nascimento de Luís de Camões, no Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa.
Luís Montenegro lembrou que todos os regimes, desde 1880 o celebraram, mas sublinhou que «não queremos celebrá-lo de um modo passadista ou saudosista, como também não queremos modernizá-lo em termos anacrónicos falsificadores da verdade histórica de Luís de Camões».
«Pretendemos antes situá-lo no espaço e no tempo que foram os seus, promover o estudo da sua vida e da sua obra, de acordo com os mais modernos critérios científicos», acrescentou.
Abertura e pluralidade
O Primeiro-Ministro afirmou que o as comemorações «têm a intenção de assinalar o V centenário do seu nascimento de forma aberta e plural, no modo que é próprio de um regime democrático e inclusivo capaz de celebrar tanto um Camões histórico como um Camões mítico».
Referindo que «o seu legado é tão rico e tão vasto, tão portuguesmente perene» que «triunfa sobre todas as tentativas de manipulação e apropriação da sua herança cultural e literária», disse que «Camões é Portugal», «Camões é povo, é a essência livre da alma portuguesa, do ser português».
«Não pode por isso ser cativo senão da nossa memória, da nossa admiração, do nosso tributo enquanto nação«, sublinhou.
Divulgar e conhecer
As comemorações têm como «propósito central que temos em vista nos próximos dois anos», «divulgar as muitas mensagens que a sua poesia contém junto dos portugueses, sobretudo das gerações mais novas».
«A melhor forma de celebrar Camões continua a ser divulgar e conhecer a sua obra e que as suas palavras façam eco nos corações dos jovens e lhes despertem novas significações, novos mundos, novas interpretações», disse igualmente.
O Primeiro-Ministro afirmou que «queremos um Camões que seja veículo da língua que nos une e que amamos, uma língua que não é só nossa, que é do mundo, de todos os que a falam, a ensinam ou aprendem. Aqui ou na escola portuguesa de Díli», «uma língua ainda mais bela e rica na sua diversidade».
Comemorar o humano
Mas devemos comemorar também «em Camões o humano, presente nas suas venturas e desventuras do amor, nos cambiantes de outros sentimentos que descreveu como poucos, sentimentos elevados e nobres, mas também o medo, a ganância, mísera inveja que lhe serviu de remate n’"Os Lusíadas"».
«Celebrar Camões não necessita de justificação. Singular e estranho seria não o fazer», disse ainda no discurso de encerramento da sessão em que intervieram também a Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, e o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e estiveram presentes os Ministros da Presidência, Leitão Amaro, e da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre.