O Governo quer chegar ao final do 1.º período do próximo ano
letivo com uma redução de pelo menos 90% no número de alunos sem aulas,
apontando também como objetivo terminar o ano escolar 2024/2025 com todos os
alunos com aulas e sem interrupções prolongadas.
Para isso, o Governo aprovou em Conselho de Ministros o
Plano +Aulas +Sucesso, que define um conjunto alargado de medidas para combater
um problema que põe em causa a igualdade de oportunidades no ensino e que pode
causar danos irreversíveis no percurso de aprendizagem dos estudantes.
Um problema estrutural, que afeta milhares de alunos todos
os anos. No início do presente ano letivo, em setembro de 2023, havia
324 228 alunos sem aulas a uma disciplina – o correspondente a 18 680
turmas. A 31 de maio de 2024, já na fase final deste ano letivo, havia ainda
22 116 alunos (1126 turmas) sem acesso a uma disciplina.
Há 939 alunos – 47 turmas – que não tiveram aulas a uma
disciplina desde setembro de 2023. O problema estende-se a 163 agrupamentos
escolares em 51 concelhos – deste total, 119 agrupamentos situam-se na área
metropolitana de Lisboa.
Para fazer frente a esta situação, o Governo definiu três
eixos de ação:
Apoiar mais, com especial enfoque na melhoria das condições
de trabalho dos docentes através de medidas de simplificação do trabalho
administrativo e da remuneração do trabalho extraordinário.
Gerir melhor, dando às Escolas instrumentos que permitam aos
diretores uma gestão de professores mais eficaz para reduzir o número de alunos
sem aulas.
Reter e atrair docentes, criando incentivos para colocação
nas Escolas com alunos sem aulas.
I - APOIAR MAIS
Simplificar o trabalho docente
- Reforço
de técnicos superiores para apoio administrativo às direções de turma.
Mais 140 técnicos a colocar nas escolas sinalizadas a partir de setembro
de 2024.
Flexibilizar horas extraordinárias e acumulação de
funções
Atribuição de horas extraordinárias:
- Atribuir mais 30.000 horas extraordinárias nos grupos de recrutamento com défice de
professores e nas Escolas sinalizadas, na impossibilidade de as Escolas suprirem as
necessidades através da contratação.
- Subir para 10 horas semanais o limite de horas
extraordinárias a atribuir a cada docente. Autorizar os docentes com redução de carga
horária ao abrigo do artigo 79.º do ECD (Estatuto da Carreira Docente) a prestar trabalho extraordinário.
II. GERIR MELHOR
Flexibilizar a gestão da componente letiva
- Desenho
dos horários para evitar sobreposição de disciplinas críticas, para
permitir compensar a ausência de professores.
Acelerar o processo de contratação durante o ano letivo
- Permitir
a seleção de candidatos de forma mais célere durante o ano letivo, todos os dias da semana.
Reduzir horários incompletos e temporários
- Permitir
a agregação de horários no mesmo ou em agrupamento distinto daquele onde o
docente está colocado (horários incompletos), disponibilizando 3000 horas de crédito.
Substituição de docentes com baixa médica
- Permitir
o recrutamento anual de professores: alargar de 3 meses para 1 ano o
período da substituição dos docentes cuja junta médica indica incapacidade
para exercício de funções todo o ano letivo.
Reduzir as mobilidades estatutárias
- Reduzir em 25% o total de mobilidades estatutárias atribuídas a docentes de grupos de
recrutamento deficitários no ano letivo 2024/2025.
III. Reter e Atrair Docentes
Recrutar docentes aposentados
- Viabilizar, a partir de 2025, a contratação de docentes aposentados, com a devida
compensação.
Incentivar o prolongamento da vida ativa dos professores
- Remuneração
adicional, até 750€ mensais brutos, para quem atingir a idade de reforma e
queira continuar a dar aulas.
Recuperar docentes que abandonaram a carreira
- Campanha
de sensibilização para potenciar o regresso de docentes à profissão.
- Criar um regime de mobilidade intercarreiras na
administração pública, com reposicionamento na carreira docente.
Recrutamento de bolseiros de doutoramento
- Possibilitar
a acumulação de até 10 horas a bolseiros de doutoramento.
Incentivar a reconversão de mestres e doutorados
- Atrair
mestres e doutorados para o exercício de funções docentes, com formação
científica correspondente aos grupos de recrutamento deficitários,
incentivando através de uma bolsa a qualificação profissional para a
docência.
Atrair investigadores
- Abrir o acesso à profissão a docentes e investigadores doutorados, sendo integrados na
carreira docente do básico e secundário, tendo em conta o tempo de serviço prestado em
instituições de ensino superior, com a obrigatoriedade de frequência da adequada
formação pedagógica.
Profissionalização de imigrantes diplomados
- Reconhecimento
de habilitações para a docência a professores imigrantes: simplificar os
procedimentos conducentes ao reconhecimento de habilitações para a
docência e integração no sistema educativo português de professores
imigrantes.
Incentivar a procura de formação para a docência
- 2000
bolsas/ano para alunos que ingressem em Licenciaturas e Mestrados em
Ciências da Comunicação/Ensino.