A relação entre Angola e Portugal «está sem qualquer mácula» do ponto de vista institucional e «está a criar múltiplas oportunidades» de desenvolvimento económico e social de Angola e em Portugal, do ponto de vista económico, disse o Primeiro-Ministro Luís Montenegro no final da
visita oficial de três dias a Angola.
Luís Montenegro sublinhou Angola é «um país amigo, uma nação e um Governo que colaboram de forma muito direta» com Portugal, e que esta visita criou «uma base de aprofundamento das relações bilaterais que é absolutamente excelente».
«Estou hoje sobretudo empenhado em dizer que há futuro em Angola para muitas empresas portuguesas e há muito futuro em Portugal para muitas empresas angolanas – e portuguesas também», acrescentou.
O Governo português leva, desta visita, «um caderno de encargos alargado», não «apenas uma troca de galhardetes retóricos», mas «efetivamente trabalho concreto, oportunidades concretas, interações concretas».
«Já temos saudades»
Na sua declaração à imprensa, o Primeiro-Ministro, que estava acompanhado pelo Ministros de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e da Economia, Pedro Reis, disse que, no aspeto emocional, «estamos a acabar a visita e já estamos com saudades de estar aqui e de poder interagir com as autoridades e com o povo angolano».
No aspeto material, houve uma agenda «muito diversificada e muito produtiva», a assinatura de 12 protocolos e memorandos de entendimento com o Governo angolano em várias áreas, e o reforço da linha de crédito a Angola em 500 milhões de euros, destacando o acordo entre os institutos de formação profissional para promover o treino de quadros angolanos.
Apontou ainda a visita à Escola Portuguesa de Luanda, pela «salvaguarda e preservação e cultivo da língua portuguesa», e a «agenda empresarial muito alargada» através da qual visitou «várias intervenções de empresas portuguesas» em áreas diversificadas e testemunhou «as oportunidades que se abrem em outras áreas da atividade económica, na agroindústria, no turismo», e no comércio e serviços, disse.
Internacionalização das empresas
Durante a visita a Benguela, que, com a cerimónia de despedida no Palácio Presidencial, preencheu o terceiro dia da visita, o Primeiro-Ministro reuniu-se com o Governador da província, Luís Nunes, e visitou infraestruturas de transportes e energéticas (incluindo no maior projeto de energia solar da África subsariana) onde participam empresas portuguesas, acompanhado por membros dos Governos português e angolano.
Luís Montenegro afirmou ter comprovado ali «que a internacionalização das nossas empresas é uma locomotiva da nossa economia. Nós queremos uma economia forte em Portugal, queremos uma economia com vocação exportadora».
A visita «tem servido para ficar ainda mais consciente das muitas oportunidades» que existem entre «os dois países, os dois povos, os dois Governos», para levar «bem-estar à vida das pessoas, sejam os angolanos e os portugueses que vivem em Angola, sejam os portugueses e os angolanos que vivem em Portugal».
Corredor do Lobito
A razão de visita às cidades de Benguela e do Lobito e ao centro de desenvolvimento económico que ali está a ser criado com o Corredor do Lobito, deveu-se a uma sugestão do Presidente de Angola, na
reunião de 25 de abril em Lisboa.
«O Presidente João Lourenço sugeriu-me que uma das regiões em que se podia, por um lado, projetar o futuro de Angola e, por outro, eu poder perceber até onde nós temos capacidade, nas nossas empresas, de contribuir para esse caminho, era a província de Benguela e esta ligação Benguela-Lobito, o corredor do Lobito, que é um projeto de logística fundamental nesta região e que tem um impacto absolutamente extraordinário e, já agora, tem também, na sua própria história, a participação portuguesa», contou.
O Corredor do Lobito liga as províncias do centro de Angola (de Benguela, na costa, passado por Huambo e Bié, até Moxico, no interior) e integra como infraestruturas o porto do Lobito, o Terminal Mineiro, o aeroporto de Catumbela e o Caminho-de-Ferro de Benguela, ligando-se às áreas de mineração da bacia mineira aa Zâmbia e da República Democrática do Congo, promovendo a exportação mais rápida de cobalto, cobre e outros minérios desses países.