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2024-07-24 às 21h31

Portugal abre as portas da Europa às empresas angolanas

Primeiro-Ministro Luís Montenegro com os Ministros angolanos das Relações Exteriores, Téte António, e da Indústria e Comércio, Rui Miguéns de Oliveira, no Fórum Económico Angola-Portugal, Luanda, 24 julho 2024 (foto: Gonçalo Borges Dias/GPM)
«Angola abre às empresas portuguesas as portas desta região, deste continente, e Portugal abre para as empresas angolanas as portas de Europa, as portas de outro grande mercado», afirmou o Primeiro-Ministro Luís Montenegro no seu discurso no Fórum Económico Portugal-Angola, em Luanda, no segundo dia da sua visita a Angola.

Luís Montenegro disse que «estamos interessados em captar, em atrair os vossos investimentos», tanto mais que Portugal tem recursos humanos «de primeiríssima qualidade», escolas de ensino superior «de excelência» e potencial de conhecimento adquirido em muitas áreas da economia para poder acolher esses investimentos.

«A minha presença aqui é também para vos dizer (…) que confiamos muito no que as empresas portuguesas podem fazer em Angola, mas quero também que saibam que confiamos muito naquilo que os angolanos podem fazer em Portugal», acrescentou, apresentando as principais medidas económicas e fiscais do Governo.

Estamos juntos

Embora as decisões de investimento caibam às empresas, o objetivo do Governo é facilitar os investimentos através das políticas públicas, disse, usando a tradicional expressão angolana «estamos juntos» para definir o relacionamento entre os dois países irmãos.

O Ministro do Comércio e Indústria angolano, Rui Miguéns de Oliveira, apontou a segurança alimentar como um desígnio nacional para os próximos anos, acrescentando que Angola quer parcerias com «todos os que queiram trabalhar para esse efeito». 

Miguéns de Oliveira apontou como exemplo o setor dos vinhos, em que a experiência dos empresários portugueses pode ajudar Angola na produção, criando um «espaço de complementaridade para produtores portugueses crescerem com empresários angolanos».

O discurso no fórum económico, que contou também com uma intervenção do Ministro da Economia português, Pedro Reis, foi o último ato do segundo dia da visita do Primeiro-Ministro a Angola. Antes, visitara a Feira Internacional de Luanda e conversara com empresários portugueses e angolanos.

Ter confiança 

Durante a manhã, o Primeiro-Ministro e os restantes membros do Governo tinham visitado as empresas Powergol, especializada no ramo da energia, e a Refriango, líder do mercado em Angola no setor de bebidas.

No final das visitas Luís Montenegro afirmou, numa declaração à imprensa, que as visitas se destinaram a «perceber em que medida as empresas portuguesas estão a impor-se e a implementar-se em Angola e em que medida é que os poderes públicos (…) podem ajudar a cooperar com a sua atividade e através dessa cooperação ajudar também o país em questão, que é Angola».

As duas empresas visitadas fazem «um duplo serviço público»: «Por um lado, alavancar a economia de Angola, dar oportunidades de emprego, contribuir para o desenvolvimento social e económico deste país, que é um país irmão. Ao mesmo tempo, dar um impulso à nossa capacidade de conquista de mercado, de internacionalização da nossa economia».

Afirmando que em Portugal as empresas têm «capacidade tecnológica, bons recursos humanos, bons empresários com capacidade empreendedora», acrescentou que «temos de ter confiança naquilo que somos capazes de fazer dentro de portas e fora de portas, a bem do nosso País, do bem-estar dos portugueses, mas também a bem daqueles espaços para onde nos deslocalizamos, é o caso aqui de Angola».

Perpetuar a língua

No primeiro dia da visita, após as reuniões com o Presidente João Lourenço e entre as delegações dos dois Governos, o Primeiro-Ministro visitou a Escola Portuguesa de Luanda – onde estudam mais de duas mil crianças e jovens, entre o pré-escolar e o 12.º ano –, «um instrumento poderosíssimo» de cooperação e perpetuação da língua comum.

«Esta escola portuguesa é obviamente uma fonte de cooperação extrema entre Portugal e Angola e é também uma forma de nós, através do nosso sistema de educação, podermos estar perto da nossa comunidade e ao mesmo tempo atrair para o ensino do português crianças e jovens que não sejam descendentes de portugueses», disse.

Luís Montenegro disse que o Governo está a resolver a situação de precariedade de 70 professores, há mais de dois anos, tendo aprovado um diploma no Conselho de Ministros de 20 de junho. «A situação não está completamente ultrapassada, mas nós estamos a fazer um esforço grande» para a resolver totalmente, disse.

Orgulho pela ação dos portugueses

No final do primeiro dia, o Primeiro-Ministro recebeu a comunidade portuguesa em Luanda – em Angola vivem 112 mil portugueses –, tendo afirmado que «é um orgulho muito grande liderar um Governo de um país como o nosso e chegar aqui e ouvir do Presidente deste país, dos Ministros deste país, das instituições deste país, referências que ouvi àquilo que os portugueses aqui hoje fazem».

«É muito importante que continuem a ser um motor de crescimento e de desenvolvimento» de Angola, disse, acrescentando que «há uma quantidade imensa de pessoas, que não são só os empresários, mas também os trabalhadores, os colaboradores que trazem até este país, a que nos liga laços de profunda amizade, muito do que é ser português, em primeiro lugar, e ser bom português em segundo lugar».

Afirmando «um profundo respeito pelos que encontraram no estrangeiro uma oportunidade de poderem emprestar o seu conhecimento, o seu saber, a sua capacidade de produzir» acrescentou que «quanto mais sucesso tiverem os trabalhadores e as empresas portuguesas no estrangeiro, mais estamos a mostrar a todos a capacidade que temos de fazer e fazer bem».