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2024-07-12 às 9h59

Ucrânia vai ter apoio até vencer agressão russa

Primeiro-Ministro Luis Montenegro cumprimenta o Presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, cimeira da NATO, Washington D.C., 11 julho 2024 (foto: Gonçalo Borges Dias/GPM)
Primeiro-Ministro Luís Montenegro cumprimenta o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Cimeira da NATO, Washington D.C., 11 julho 2024 (foto Gonçalo Borges Dias/GPM)
«É necessário deixar, de uma vez por todas, muito claro que a Ucrânia não vai só ter o apoio até que seja necessário, a Ucrânia vai ter o apoio até que prevaleça sobre a Rússia», afirmou o Primeiro-Ministro Luís Montenegro numa declaração no final da cimeira da Aliança Atlântica, que se realizou em Washington, D.C. entre 9 e 11 de julho.

Nesta cimeira, em que, além das reuniões dos 32 membros da Aliança, houve também reuniões com os parceiros da União Europeia e do Indo-Pacífico (Austrália, Nova Zelândia, Japão e Coreia do Sul), foi aprovada, durante a reunião da manhã, uma declaração conjunta em que todos se comprometem com a liberdade, segurança e soberania da Ucrânia – o «Compacto da Ucrânia».

Luís Montenegro afirmou que Aliança Atlântica e os seus parceiros «estão alinhados no apoio militar, no apoio financeiro, no apoio logístico» à Ucrânia. «Não me lembro de haver uma aliança tão forte, tão consistente, tão disponível como aquela que tem juntado os Estados-membros da União Europeia e aqui os aliados da NATO e os seus parceiros», disse.

Portugal vai continuar a contribuir «para o esforço de apoio militar, de apoio político, de apoio técnico, de treino ou manutenção de vários equipamentos das forças ucranianas», e também financeiro, reafirmou numa declaração feita antes da reunião NATO-Ucrânia, realizada durante a tarde.

Plano para o sul

O Primeiro-Ministro disse que a Aliança Atlântica e a sua organização militar, a NATO, têm «uma política de dissuasão relativamente a outras geografias onde podem emergir ameaças novas, muitas vezes até motivadas por uma mão mais visível ou mais invisível de nações que são hostis à Aliança Atlântica, como a Rússia».

«Queria aqui destacar um ponto que tem sido bastante realçado e apoiado por praticamente todos os Estados-membros da NATO nas suas intervenções, que diz respeito a uma iniciativa de Portugal: a inclusão nesta cimeira, depois de um trabalho feito e liderado por uma portuguesa, de um plano de ação relativamente ao sul», disse. 

O grupo de trabalho, chefiado pela investigadora Ana Santos Pinto, nomeado na cimeira de Vilnius, estudou os desafios, ameaças e oportunidades na vizinhança sul, e concluiu que estão cada vez mais interligados com os do leste e que a segurança dos aliados está estreitamente interligada com a do Médio Oriente, do norte de África, do Sahel e até do Golfo da Guiné.

Luis Montenegro disse que a NATO está atenta aos «movimentos que as forças que não se identificam com os valores da Aliança Atlântica vão tentando disseminar e aproveitar às vezes a debilidade de alguns Estados, de algumas geografias, para incrementar» as suas posições.

A declaração conjunta dos líderes da Aliança, aprovada no primeiro dia da cimeira, refere que foi adotado «um plano de ação para uma abordagem mais forte, mais estratégica e orientada para os resultados em relação ao nosso flanco sul» e que vão designar «um representante especial para o flanco sul que atuará como ponto focal e coordenará os esforços da NATO na região», tendo também anunciado a abertura de um escritório de ligação na Jordânia.

Investir na defesa e na economia de defesa

O Primeiro-Ministro, que anunciara a formalização do compromisso de aumentar a despesa de defesa para 2% do Produto Interno Bruto em 2029, representando 6 mil milhões de euros nesse ano, disse, no final da cimeira, que este esforço financeiro será feito nos recursos humanos e no investimento em equipamentos, para que Portugal assuma o seu papel de «membro efetivo» da NATO também no plano militar.

O Governo assume como objetivo estratégico «fazer das indústrias de defesa e de todas aquelas que se interligam com ela, uma oportunidade para termos um novo cluster na nossa economia», aproveitando «capacidade tecnológica, científica para estarmos na vanguarda da inovação», acrescentou.

Aliás, «hoje, defender a segurança dos Estados-membros da NATO não passa apenas e só por operações militares, por prontidão das nossas forças para poder eventualmente acudir a alguma zona de conflito, a algum ataque que coloque em causa a segurança dos Estados-membros».

Hoje essa segurança é «colocada em crise noutras dimensões», sendo necessário estabelecer políticas concretas em áreas como o espaço digital, a cibersegurança ou a desinformação. «Sabemos que há países que têm um esforço concertado nesse domínio», disse.

Luís Montenegro afirmou ainda que a NATO é organização que protege a segurança e o espaço territorial e marítimo nacionais, na conferência de imprensa em que esteve também o Ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo. O Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, que também esteve na cimeira, regressou mais cedo a Portugal para representar o Governo na visita oficial da Princesa das Astúrias.